segunda-feira, 31 de março de 2014

Bene Vieira, o nome da pecuária leiteira do Vale

March 29, 2014 - 11:00

Bene Vieira, o nome da pecuária leiteira do Vale

Na luta há 20 anos contra o leite longa vida, Cooper briga pelo mercado e prevê lançamento de produtos
Wagner Matheus
Especial para O Vale

A história da pecuária leiteira do Vale do Paraíba está ligada à sua família desde 1935. E desde 1991 ele preside a Cooper (Cooperativa de Laticínios de São José dos Campos).
Benedito Vieira Pereira, o “Bene”, divide sua rotina todos os dias entre a cidade e o campo. Ele mesmo insemina as vacas do rebanho.
A maior “missão” da vida de Bene Vieira, porém, é a batalha que enfrenta há mais de 20 anos contra o leite longa vida, que tomou conta de 85% do mercado brasileiro. Seu mais recente desafio: convencer um consumidor por dia a voltar a tomar leite pasteurizado.
Veja a seguir os melhores trechos da entrevista de Bene Vieira a O VALE:

Sua família faz parte da história da pecuária de leite na região. Como tudo isso começou?Meu avô, Roque Vieira da Silva, foi o fundador da primeira cooperativa de laticínios da região, o leite Paulista, que foi fundada em 1935 em Roseira. E o último fundador daquela cooperativa a falecer foi o meu pai, João Justo Pereira. Em 1936, meu pai veio para São José e foi um dos fundadores da Cooperativa de Laticínios de São José dos Campos. Junto com ele veio meu tio, Jorge Vieira da Silva. Como diretor e também presidente, ele foi o responsável pelo grande salto que deu a Cooperativa.

O senhor é advogado, mas nunca deixou de ser pecuarista. Como foi a sua trajetória profissional?Eu nasci no meio rural. Embora tenha estudado, feito direito e exercido por pouco tempo, a nossa origem é rural, dos tempos em que o produtor merecia um pouco mais de respeito, principalmente por parte dos governos. Era um pouco mais digno ser produtor rural. A partir de meados da década de 60, com o crescimento da indústria brasileira, especialmente a automobilística, o produtor rural, principalmente o pequeno produtor, foi desaparecendo e deixando de ser interessante para o crescimento do país.

Há quanto tempo o senhor está à frente da Cooper?Estive três anos como diretor-vogal da Cooperativa, na década de 80. Em 1991, entrei como presidente e permaneço até agora, no oitavo mandato.

Para a Cooper ser competitiva no mercado atual ela parece estar passando por uma reengenharia. Como é isto?Quando a Cooper se desvinculou da Cooperativa Central de Laticínios, em meados da década de 80, foi uma época muito boa porque só existia no Brasil o leite pasteurizado resfriado. Favorecia o fato de a gente estar em uma posição geográfica muito interessante em termos comerciais, ou seja, dentro de uma grande cidade, São José dos Campos, e próximos especialmente da capital paulista. A maior parte da nossa produção era comercializada em São Paulo. Isso fez com que crescesse a bacia leiteira do Vale do Paraíba como uma das maiores regiões produtoras do país.

Já foi a maior bacia leiteira do Brasil...Já foi, no passado. Porque o leite sempre existiu como leite pasteurizado fresco, que é o melhor leite a ser consumido. Porém, no início da década de 90 uniram-se os dois elos mais fortes da cadeia produtiva do leite — a fabricante da embalagem de caixinha e as grande redes de supermercados — e conseguiram, através do poder econômico, mudar o hábito alimentar da população brasileira. Do que nós discordamos é que aqueles lugares onde existe a produção do leite fresco pasteurizado e resfriado, que é o caso específico do Vale do Paraíba e até mesmo da capital paulista, aquelas pessoas que mudaram de hábito, fizeram isso porque o poder econômico, através da grande mídia, lhe colocou “goela abaixo” esse leite de qualidade muito inferior.

A Cooper é hoje uma empresa saudável?É uma empresa saudável, mas marchando com os pés no chão e dançando de acordo com a música.

E a sua atuação nas entidade de classe? O mesmo discurso o senhor leva até elas?Exatamente. Há cerca de oito anos nós temos uma associação que nasceu exatamente para defender esse tipo de produto, que é a Abilp, Associação Brasileira das Indústrias de Leite Pasteurizado. E estamos lutando até hoje. Na semana passada nós fomos a Brasília, pois o lobby do leite longa vida é tão forte, está destruindo de tal maneira o leite pasteurizado, que está tentando tirar de linha o leite B, nosso carro-chefe e nosso melhor produto.

Qual é a participação do longa vida no mercado brasileiro?No final da década de 80, início da de 90, eles tinham 0,5% do mercado. Hoje, devem ter, no Brasil, acima de 85% de participação no mercado.

Como a Cooper está se preparando para o futuro?O grande problema de administrar uma cooperativa é equilibrar a captação e o consumo. Então procuramos nos modernizar o máximo possível, com equipamentos de última geração, ter produtos de alta qualidade e sempre estar inovando, seja na linha de produtos, seja no tipo de embalagem. Temos dois produtos novos para serem lançados no mercado nos próximos três meses. Um deles é o iogurte com probióticos e o outro é o iogurte natural light. Também foi lançado recentemente um queijo light com a marca Parahyba, que é uma segunda marca nossa. Temos atendido bem o mercado.

O senhor é administrador e fazendeiro. Como lida com isso?Assim que terminar esta entrevista, vou para a fazenda inseminar duas vacas, o meu gado sou eu que insemino. Trabalho com um pouco de gado de corte também, mas o que eu gosto é de gado de leite.

É o que lhe dá mais prazer...É, é a minha origem. Se pudesse viver somente mexendo com as vacas, faria isso.

E a sua rotina?Eu me levanto cedo, por volta de seis horas, vou para a fazenda, às oito e pouco da manhã estou na Cooperativa e à tarde volto para a fazenda. Todos os dias é isso. Outro dia me perguntaram se já me aposentei. Não me aposentei e não vou me aposentar.

Leia a entrevista na íntegra



Cooper está em mais de 20 cidades
Fundada em 1935, a Cooper possui hoje uma linha com 18 produtos. Atende cerca de 20 municípios. Com o lançamento da garrafa de vidro a empresa está aumentando sua presença no mercado da Capital. Tem 150 cooperados e mais, além de fornecedores não associados. A captação e a comercialização giram em torno de 70 mil a 75 mil litros/ dia.


Usina tem que examinar produto“Onde houve esse tipo de problema, alguns falam que é culpa dos transportadores. Mas é obrigação da usina que recebe o leite examinar o produto que vai utilizar. Não estamos livres de receber leite adulterado. Por isso, antes de colocar o produto no mercado devemos analisá-lo. O consumidor deve tomar o leite em que ele confia”, diz Bene Vieira.
 
Parabens Sr.Benedito Vieira, nasci e quiei na roça, moro nessa linda e maravilhosa cidade, São José dos Campos,hà 50 anos, tenho roça até hoje la pras Minas Gerais. Parabeniso esse homem pela a sua luta, não só pelo o leite, mas, por tudo que exige da agro pecuária, muita luta e muita difilculdade. Precisamos lembrar que o leite puro ou quase puro, foi e é o alimento de todos nós,é lógico, que compro tudo que é da Cooper, porque sei que é o mais sadável. Dasafio a quem está falando mal do Sr. Benedito, se tiver capacidade e competência se assumiria a presidência da Cooper
Comentado por Joaquim Pereira, 30/03/2014 12:20
..."Na semana passada nós fomos a Brasília, pois o lobby do leite longa vida é tão forte, está destruindo de tal maneira o leite pasteurizado, que está tentando tirar de linha o leite B, nosso carro-chefe e nosso melhor produto." Prezadas e Prezados leitores, essa colocação do Sr. Benê é muito séria. Há tempos atras e, recentemente na semana passada, uma vez mais foi noticiada que empresas comercializaram leite UHT (longa vida) com FORMOL. Por interesse dos lobistas e "empresários" já estamos "engolindo" há algum tempo os tais de leite "A", "B", "C" e Light, que para mim é água branca, só para ter diferenciação no preço. Antigamente era só leite que vinha em garrafa retornável. Era uma beleza. Ao fervê-lo a camada de nata era impressionante. Fazia-se até manteiga em casa. Hoje? ha ha ha. Será que teremos que engolir goela abaixo mais essa ideia nefasta dos lobistas e que os deputados adoram?
Comentado por Roberto Kikko, 30/03/2014 10:31
Gostaria de saber se cooperativa pode ser uma empresa. A Cooper é realmente uma cooperativa? Uma cooperativa não existe para ajudar também os pequenos produtores?
Comentado por Margarita, 30/03/2014 09:44
PARABÉNS BENE!!! VOCÊ MERECE SER SEMPRE LEMBRADO. Das cooperativas da nossa região, a melhor é a Cooper., usa aditivos químicos, sim, pois afinal a vida moderna o exige, mas não abusa exageradamente como outras, onde os produtos são uma quase farsa. Mais uma vez, abraços e muitos anos de vida.
Comentado por Antonio Fila Brasileiro, 30/03/2014 08:59
Quem toma leite longa vida:morre,quem toma leite pasteurizado:morre só não vale tomar leite de bode e de mulher que não seja sua.
Comentado por curioso, 29/03/2014 22:09
CORREÇÃO: "Estados Unidos".
Comentado por CASANOVA, 29/03/2014 19:46
Sr. Bene, não lhe conheço pessoalmente, mas acompanho seu trabalho, já assisti e ouvi várias entrevistas suas, principalmente a sua luta contra o terrível leite Longa Vida. Lembro-me que nunca tinha ouvido falar dos prejuízos do leite Longa Vida e também não sabia que em vários países - inclusive nos Estados unidos - esse tipo de leite é expressamente proibido. Peço-lhe desculpas pelo comentário abaixo desrespeitoso à sua pessoa (até pela sua idade) e digo-lhe parabéns, por estar a frente (e trabalhando) ainda nesta idade, na empresa COOPER e beneficiando inúmeras famílias valeparaibanas.
Comentado por CASANOVA, 29/03/2014 19:45
nunca mais tomei leite longa vida, após ler os ingredientes, compro o suficiente de leite em saquinho para 3 dias, e estou muito satisfeita, e com menos risco na saúde. obrigada por manter o leite mais saudável no comércio.
Comentado por elianeSJC, 29/03/2014 12:32
Fonte: OVale

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