segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Estudo revela: sistema viário de São José já beira o colapso

NOSSA REGIÃO
September 4, 2011 - 04:01

Estudo revela: sistema viário de São José já beira o colapso

Ônibus em São José Aaron Kawai
Pesquisa origem-destino apresentada pelo Ipplan mostra que a cidade se congestiona mais a cada dia e caminha para um modelo insustentável: apenas 17,3% dos deslocamentos são feitos por ônibus urbano
Beatriz Rosa
São José dos Campos

O sistema viário de São José está à beira de um colapso. Apenas 17,3% dos 1,2 milhão de deslocamentos diários feitos na cidade são por meio do transporte coletivo. A maior parte das viagens é com o automóvel --43,9%.

Os dados preliminares da pesquisa origem-destino em São José foram apresentados pelo Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento) e apontam que a cidade precisa reforçar investimentos no transporte coletivo e ciclovias.

Os 17,3% de São José levam em conta apenas os ônibus urbanos municipais. Em São Paulo, por exemplo, 50% dos deslocamentos são por transporte público e no Rio de Janeiro, 80%.

Dados da prefeitura apontam que a frota de veículos cresce 8% ao ano --hoje são 341 mil veículos.

Frota que já ocupa junto com outros meios motorizados, 60% da malha viária e satura vias como a Juscelino Kubitschek, onde o índice de saturação chega a 82%. Na Jorge Zarur, 75%. “É uma cidade que caminha para um modelo insustentável”, disse o engenheiro especializado em transporte público Antônio Luiz Santana.

Carros. Mas apesar de a cidade caminhar para o caos viário, o cidadão não abandona o hábito de usar o carro porque teme linhas de ônibus lentas e superlotadas e ciclovias ineficientes.

A mesma pesquisa mostra que o tempo de viagem pode ser fator determinante. Uma viagem de 7,5 quilômetros é feita em média em 32 minutos dentro de um ônibus. De carro, dura 17 minutos.

A falta de faixas exclusivas para o transporte coletivo e o excesso de linhas nas mesmas vias são fatores de lentidão. Em vias como a Madre Thereza e a João Guilhermino, no centro, circulam 183 ônibus por hora --média de 3 ônibus por segundo.

A nova pesquisa mostra também um índice curioso: 25,2% dos deslocamentos diários é feito a pé. Outros 2,4% preferem bicicleta.
Usuários reclamam de superlotaçãoSão José dos Campos

Mesmo com a frota nova de ônibus nas ruas, a rotina dos usuários do transporte coletivo de São José ainda é difícil. A lotação e a demora são as principais críticas e motivos que incentivam o uso do carro.

A estudante de fisioterapia Aline Vivian da Silva Hemp-fling, 22 anos, é uma das que pretende migrar do transporte coletivo para o individual no futuro. Ela leva uma hora e 15 minutos para se deslocar de Santana, na zona norte, até o Urbanova, na região oeste.

“A lotação é o que mais incomoda. Todo dia tem fila para entrar. E o meu ônibus ainda para 15 minutos no Colinas. É uma perda de tempo para todo mundo. Com o carro eu teria mais tempo”, disse. A ela se somam a maior parte dos usuários entrevistados.

Há também quem já abandonou o transporte coletivo. Caso do porteiro Reginaldo Ramos, 40 anos. A troca foi por um carro que só sai da garagem aos finais de semana e uma bicicleta que se tornou sua companhia diária.

“É bom porque faço um exercício sem gastar. Levo minha filha na escola e vou trabalhar. Mas percorrer as ciclovias da cidade se tornou um desafio. A falta de placas e de proteção torna a viagem uma verdadeira aventura.”

O vendedor aposentado Benedito Pereira, 68 anos passou a utilizar o transporte público há dez anos quando perdeu a visão. O carro teve que ficar na garagem. “O ônibus demora um pouco, mas não está mal. O que está ruim é o trânsito. Hoje é mais fácil comprar um carro. Isso é bom, mas as ruas e estradas estão mais cheias.

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