sexta-feira, 29 de julho de 2011

Caçula de São José, Aquarius simboliza ‘boom’ da zona oeste

Julho 29, 2011 - 04:57

Caçula de São José, Aquarius simboliza ‘boom’ da zona oeste

No lugar de fazendas de arroz e do que era para ser uma fábrica de caminhões, nasce o bairro mais verticalizado da cidade
Beatriz Rosa
São José dos Campos

Quem percorre as cobiçadas ruas do Jardim Aquarius, na região oeste de São José doas Campos, nem imagina que ali seria a sede de uma fábrica de automóveis.

Pelo menos, esse era o plano, entre as décadas de 50 e 70, para a área que hoje abriga os bairros ‘caçulas’ da cidade.

“A Ford chegou a São José em 1956 e comprou uma área de mais de 1,5 milhão de metros quadrados, onde hoje está o Aquarius, para montar uma fábrica de caminhões”, disse o ex-prefeito Ednardo de Paula Santos, 75 anos.

Mas a aquisição da área criou um problema à cidade --a antiga estrada do Imperador, que ligava a avenida São João com Jacareí, foi interditada.

“Eles fecharam o acesso e criaram um gargalo na cidade. Os carros tinham que contornar a área particular da Ford”, disse Ednardo. Um gargalo que perdurou por 22 anos.

Desapropriação. Em 1978, após anos de impasse, a área foi desapropriada pelo então prefeito Ednardo.

“Antes de ser prefeito, fui representante da Ford em São José e sabia que eles tinham interesse em montar a fábrica em Taubaté. Então, quando fui prefeito em 1975, perguntei se eles pretendiam construir a fábrica aqui ou em Taubaté, porque eu queria abrir uma avenida ali. Nada de resposta. Em junho de 1978, desapropriei a área e abri a avenida Cassiano Ricardo em quatro meses e meio”, relembra Ednardo

Mudança. A abertura da avenida Cassiano Ricardo mudou os rumos da região, que de industrial passou a residencial.

“A Ford foi para Taubaté e vendeu as terras para a Serveng, que começou a lotear o Aquarius, Altos do Esplanada e Jardim Cassiano Ricardo”, disse o presidente da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale), Cléber Córdoba.

Segundo ele, o modelo de alto padrão atraiu muitos investidores para o local.

“A região do Aquarius é a filha jovem de São José. Tem apenas 30 anos, cresceu rápido, mas ainda irá amadurecer. É um bairro com vida própria, onde é possível morar, trabalhar e se divertir.”

Há 13 anos, o empresário Veridiano Tavares Filho, 70 anos, proprietário da Vinac (de consórcios de veículos) decidiu investir na região e hoje colhe bons frutos do negócio.
“Deixei o centro pelo Aquarius. Fui um dos primeiros comerciantes a chegar e o resultado dessa mudança superou em muito minhas expectativas.”

Para Tavares, a região tem vocação comercial e ele já planeja um novo investimento.

“Aprovamos a construção de um prédio comercial.”

Crescimento. E o Aquarius não para de crescer.

Em janeiro deste ano, a prefeitura liberou por meio de lei a construção de 12 prédios entre o Aquarius, o Royal Parque, o Colinas e o Serimbura --10 residenciais (1.251 apartamentos) e dois comerciais (424 salas e 12 lojas). A previsão é que até 2012 os moradores da região ganhem 5.000 novos vizinhos.

Um desafio para o bairro mais jovem da cidade.
Avaliação
Urbanista critica ocupação exagerada
Para o arquiteto e urbanista Flávio Mourão, o Jardim Aquarius nasceu planejado, mas cedeu às pressões do mercado e hoje é um exemplo ruim de planejamento. “O projeto inicial previa apenas um núcleo vertical com prédios comerciais. Mas a Câmara e a prefeitura deram um ‘plus’ na verticalização. Esse exagero causou problemas estruturais ao bairro”, disse.
Série
‘Vale’ traz hoje a 5ª reportagem especial
Mesmo a região mais jovem da cidade tem suas curiosidades e hoje O VALE contou a história do Jardim Aquarius na 5a reportagem da série ‘Expedição São José’. Foram publicadas reportagens sobre a praça da Matriz, Santana, Jardim Satélite e do sanatório que funcionou por 30 anos no parque Santos Dumont. Amanhã, O VALE mostra o desenvolvimento da região leste.
Fazenda de arroz dá lugar a fábricas e comércios
São José dos Campos

As terras onde hoje estão consolidados bairros como o Jardim das Indústrias e o Limoeiro, na região oeste, eram fazendas de plantação de arroz na década de 30.

A construção da Fazenda Limoeiro, em 1932, foi um dos marcos do desenvolvimento agropecuário da região e Carlos Marcondes, o pioneiro.

Sua neta, Vera Marcondes Buffulin, conta que o avô chegou à cidade em 1931 para trabalhar em uma lavoura de arroz. “De lavrador ele virou fazendeiro. Vovô cultivava arroz onde hoje está o Jardim das Indústrias. O Limoeiro era o quintal da fazenda.

Andávamos a cavalo onde hoje estão a Johnson, a Gruta e a antiga Kodak”, disse Vera.

Ela conta que, com a morte dos avós, Carlos e Eufrásia Marcondes, as terras foram herdadas pela família. Dos oito filhos herdeiros, somente seus pais, Sebastião e Tita Marcondes, mantiveram as terras e moram no local até hoje. Para manter a fazenda, a tulha antiga que armazenava arroz se transformou em um salão de festas há 20 anos.

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