domingo, 27 de abril de 2014

Crescimento impõe desafios ao Litoral Norte

April 27, 2014 - 07:20

Crescimento impõe desafios ao Litoral Norte

Acima, vista aérea do Terminal Almirante Barroso, em São Sebastião. Foto: Flávio Pereira.
Acima, vista aérea do Terminal Almirante Barroso, em São Sebastião. Foto: Flávio Pereira.
Com o acelerado desenvolvimento econômico, região começa a sofrer com problemas das grandes cidades; especialista alerta para necessidade de uma expansão urbana planejada e distribuição das riquezas geradas
Lauro Lam e Xandu Alves 
São José dos Campos

A boom’ da economia no Litoral Norte pode esbarrar em um conhecido problema das metrópoles: expansão urbana desordenada e desigualdade na divisão dos recursos.
A avaliação é do especialista em planejamento urbano e professor da Univap, Paulo Romano Reschilian. Segundo ele, os investimentos nem sempre significam uma melhora na qualidade de vida.
“Crescer sem acesso a terra, habitação ou imóveis de qualidade é como não desenvolver. A distribuição pode ficar precária, produzindo mais pobreza porque o planejamento acaba não incluindo todos. É preciso criar cidades para todos, e não para alguns.”
Ciente de que o litoral é a ‘bola da vez’, Romano defende também um aumento na renda do trabalhador. Apesar de existir a estimativa do IBGE de crescimento de 49% da população da região até 2040, dificilmente isso se converterá em melhores salários.

“Caraguá e São Sebastião têm 73% da população com rendimentos de 0 a 5 salários mínimos por mês. O que esperar de uma urbanização com baixo salário?”, questiona.
Empregos informais impõem outro desafio. “Em Ubatuba, temos uma média de cerca de 60% da população trabalhando sem carteira assinada”, disse o diretor financeiro da Associação dos Arquitetos e Engenheiros da cidade, Carlos Alberto Mendes de Carvalho.

Bons ares. Uma das principais obras do Litoral Norte é a ampliação do porto de São Sebastião, que deve abrir cerca de 1.000 empregos diretos nos próximos 10 anos.
Com investimentos de R$ 2 bilhões, a maior parte vindo da iniciativa privada, o porto aumentará sua capacidade das atuais 1 milhão de toneladas exportadas e importadas por ano para 5 milhões a partir de 2020. Isto representa um acréscimo de 100 navios por ano que atracarão na cidade.
Expansão que já começou para quem quer melhorar de vida por meio de rendimentos mensais na ordem de R$ 4.000.
“Estamos qualificando mão de obra, priorizando as pessoas que moram em São Sebastião. Inclusive, um estivador da cidade vai fazer um curso na Suécia para depois multiplicar o conhecimento. Também mantemos parcerias com as escolas técnicas conveniadas. Quem se preparar vai melhorar de vida, tendo um salário bem maior do que o pago no setor turístico”, disse o presidente da Companhia Docas de São Sebastião, Casemiro Tércio Carvalho.

Com 23 tanques de petróleo e 18 de derivados, o Tebar (Terminal Aquaviário Almirante Barroso) é o maior operado pela Transpetro. Recebendo petróleo nacional e importado, abastece três refinarias do Estado por meio de oleodutos. Hoje são 1.892 funcionários, que deixam parte dos salários em São Sebastião.

'Alta temporada'. Mesmo com a economia aquecida, o setor que é a cara do Litoral Norte foi e continua sendo o turístico.
Com a presença de 1,5 milhões de pessoas nas temporadas de verão, sol, praia e mar são os ingredientes que engordam ou murcham a massa da economia da região. “Aqui o tempo é o termômetro das hospedagens, vendas e movimentação”, disse o diretor do Sinhores (Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares), Luiz Bischof.
Passando de 300 para atuais 800 meios de hospedagens nos últimos 10 anos, o Litoral Norte vê também uma evolução na gastronomia e na qualidade receptiva aos turistas.

Sustentabilidade. Com cursos de capacitação e o incentivo à preservação ambiental, o turismo se profissionalizou e hoje é desafio para uma expansão sustentável.
“O que precisamos muito é quebrar a sazonalidade das temporadas, investindo no turismo de negócio para movimentar as cidades o ano todo”, afirmou Bischof.
O economista Roque Júnior disse que o crescimento poderá ter mais impactos positivos se houver melhorias no trânsito e nos bairros periféricos. “Isto atrai turistas e influencia na geração de renda”.
Fonte: O Vale

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