sábado, 15 de fevereiro de 2014

Aerovale ‘exporta’ modelo que foi rejeitado por S. José

February 15, 2014 - 06:05

Aerovale ‘exporta’ modelo que foi rejeitado por S. José

Rogério Penido, no Aerovale: “gosto de fazer um pouco de tudo no projeto”_Foto: Flavio Pereira
Rogério Penido, no Aerovale_Foto: Flavio Pereira
Empreendimento inédito na América Latina instalado em Caçapava atrai investidores de quatro estados
Sheila FariaEditora Executiva de O VALE
Há 10 anos, o empresário Rogério Humberto Ribeiro Penido, dono da holding Penido, de São José, teve a ideia de um megaprojeto. Ele queria fazer um condomínio para a indústria aeronáutica, dotado de uma pista com excelência em qualidade. Na época, a proposta não interessou a São José e nem a Taubaté.
Hoje, 10 anos depois, ela virou realidade em Caçapava, cidade que sedia o Aerovale, muito além de um condomínio com pista, uma aposta que pode gerar negócios de R$ 10 bilhões e 50 mil empregos. A pista pode receber até Airbus.
O modelo de empreendimento que não atraiu São José e Taubaté foi “exportado” para Curitiba, que projeta o Aerovale Curitiba, exatamente nos moldes do daqui. Há investidores interessados no Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e três cidades do Estado de São Paulo, diz Penido.
Advogado que nunca exerceu a profissão, aos 58 anos ele se orgulha do Aerovale, onde estão investidos R$ 250 milhões em 3,7 milhões de metros quadrados, menina dos olhos do empresário, que hoje possui cerca de 15,5 milhões de metros quadrados em áreas na região, incluindo São José e Taubaté.
“O melhor é fazer algo novo, diferente do que todo mundo está fazendo”. Para quem começou a trabalhar aos 12 anos, na construtora Serveng, de propriedade dos tios Pelerson e Vicente, Penido está à frente de empreendimentos importantes, junto com a mulher Eliuza e os filhos Humberto e Noeli. “Amo o que eu faço, não saberia fazer outra coisa”, diz o empresário, torcedor fanático do Cruzeiro de Belo Horizonte, sua terra natal. Apaixonado pelo Vale e pelas praias de Ubatuba, Penido é um homem simples e de devoções --ao trabalho e a Nossa Senhora Aparecida, afirma ele.
Leia a seguir trechos da entrevista a O VALE:

O senhor está construindo o maior empreendimento da RM Vale, o Aerovale. Como estão as obras? O senhor tinha projeção de decolar o primeiro avião no Aerovale em maio. Prazo mantido?O nosso projeto é aeroespacial, industrial, comercial e de serviços. É um projeto grande, construído em uma área de, num primeiro momento, 2,4 milhões de metros quadrados e agora já está com 3,7 milhões de metros quadrados. Nosso objetivo é voar em maio e até São Pedro está colaborando com a gente, com poucas chuvas em dezembro e janeiro.
Estamos encerrando a terraplenagem em fevereiro e começamos a pavimentação da pista para que o primeiro avião suba até 30 de maio.

Como está a comercialização dos lotes?Já vendemos muitos lotes e temos muitos outros para vender. O nosso empreendimento é diferente, foi muito planejado. A gente tem dois tipos de empresas que podem se instalar lá. A primeira é a aeronáutica, que vai ficar junto da pista de maneira que todos os lotes terão acesso à pista, ao avião.
Nesse momento, a procura maior é pelos lotes fora da pista, porque são menores e mais baratos, a partir de 750 metros quadrados, para qualquer tipo de negócio. Uma empresa já comprou para instalar padaria, outra para locadora de carros, outra para montar uma farmácia, um salão de beleza, pizzaria, etc. Na parte aeronáutica, agora é a hora que as empresas começam a se interessar, ver que a obra, ver o asfalto da pista.

Quais empresas?Esse mercado é muito complicado porque todas as empresas são de capital aberto. Mas quando eu falo em empresas grandes é tipo Embraer, TAM, Globo, Líder, a Azul. São empresas que virão com 500 ou 600 empregados de início.

O senhor concebeu um projeto arrojado, inédito na América Latina. Quais foram as dificuldades?Imagina, isso começou há 10 anos e o governo só começou a privatizar os aeroportos no ano passado. As dificuldades foram enormes. Até 2012, tudo que se falava de aviação era ou federal ou estadual, nada privado, nada. Era a mesma coisa que querer mexer com petróleo no Brasil há 30 anos atrás. Não podia. E ainda hoje existe uma influencia muito grande do governo na aviação. Agora as coisas foram mudando, mas ainda hoje é um desafio, um desafio gostoso.
O nosso empreendimento é muito voltado para a aviação comercial, principalmente a aviação executiva, aviões pequenos. Esses aviões estão abandonados. Os grandes aeroportos não querem saber de aviões pequenos. O mesmo tempo para descer e estacionar que leva um avião pequeno leva um grande. Só que o grande carrega 300 passageiros e 200 toneladas de carga. Os aeroportos querem aviões grandes. Também pensamos nos helicópteros. São Paulo tem hoje a maior frota de helicópteros do mundo. A de jatos executivos é a terceira.

Qual o tempo para o retorno do investimento?A gente fez cinco pesquisas de mercado para isso, pela Urban Systems. A pesquisa de viabilidade financeira foi da Deloitte do Brasil. Pelas pesquisas, nós teríamos um retorno do empreendimento entre 5 e 6 anos. Mas o legal desse empreendimento é que em seguida a gente começa a fazer prédios corporativos, comerciais e gera muita coisa para alugar.

Uma de suas ideias era exportar o Aerovale para outras cidades. Isso ocorreu?Nós estamos numa fase feroz de obras e se eu começar a rodar o Brasil, não faço nem aqui e nem lá. Mas o interesse já apareceu. Em Curitiba, temos um investidor que fez a parceria com a gente, nós estamos dando toda a assessoria para ele, nossa equipe de projetos está acompanhando.

O mesmo modelo?Exatamente o mesmo modelo. É o Aerovale Curitiba. Estamos com oportunidades em Brasília e no Rio, em dois locais, Rio e Macaé, Belo Horizonte, em São Paulo tem três cidades que estão interessadas que a gente vá conhecer a área. É que o empreendimento é diferente, chama a atenção. Uma das coisas legais desse empreendimento é que vai ter um sistema completo de comunicação por rádio e TV para colocar todo mundo on line, trocando ideias.
Não foi um projeto sem planejamento. Para chegar nesse modelo visitei uns 80 aeroportos, no Brasil e no exterior. Tiramos mais de 8 mil fotos, tudo catalogado. Tivemos que pensar em tudo, desde a quantidade de geradores para nunca faltar energia. Nossa pista terá tudo controlado por laser, será um dos primeiros aeroportos com esse tipo de recurso. Não teremos água na pista, não vai ter problema de caída, nem de ondulação. Vamos usar o máximo de energia solar.
Nós fomos com esse projeto nos Estados Unidos, Itália, Japão e Portugal, buscar tecnologias. Esse empreendimento não acaba nele, há o desenvolvimento em torno dele. E se vai crescer, por que não crescer organizado?

O que haverá no entorno?Tudo o que você imaginar. Você vai mundo afora, em feiras aeronáuticas, são lindas, maravilhosas, alta produção, restaurantes bons, hoteis, tudo bacana. Aqui no Brasil, qualquer feira é gambiarra, restaurante com cadeira de plástico. Nossa ideia é, do lado do aeroporto fazer um acesso para um pátio, 200 mil metros quadrados, tipo Anhembi, mas não um galpão, um prédio para eventos, muito bem instalado, para eventos de primeiro mundo. Em volta, belos condomínios residenciais, escolas, centro de compras.

Por que Caçapava? O senhor não tentou executar esse projeto em São José? A primeira coisa para viabilizar um projeto desse porte é o poder público querer. Tivemos grandes problemas em São José. A cidade travou, nada podia fazer em São José. A política de São José não era favorável, nem a de Taubaté.

Quando foi isso?No governo Eduardo Cury (PSDB). Naquela época, a gente não conseguia conversar com ninguém, não conseguia nem expor a ideia. São José estava fechada para os empresários. Taubaté foi a mesma coisa. Hoje em São José, as portas da prefeitura estão abertas. Nós hoje temos um projeto em São José, de 100 alqueires, muito bacana para a cidade, lindo.
Caçapava nos acolheu naquela hora e nunca precisamos dar dinheiro para ninguém. Na Prefeitura de Caçapava, documento nosso nunca ficou parado mais de um dia lá. Hoje o relacionamento com a prefeitura é melhor ainda. O grande motivo de fazer em Caçapava foi a recepção que tivemos. Mas a localização do Aerovale acabou ficando um negócio legal, de frente para a Carvalho Pinto, com acesso para a Carvalho Pinto e Dutra e centralizado na RMVale.



Sr Penido , parabéns pelo seu projeto arrojado.Uma atividade como outras que há muito tempo necessita de concorrencia privada, fazendo com que as empresas estatais melhorem sua qualidade.Pena que São José dos Campos deixou escapar mais essa.Sorte nossa que o investimento ficou no Vale do Paraíba.Parabéns Caçapava pelo incentivo ao Empreendedor.
Comentado por acmacedo, 15/02/2014 19:07
"Por que Caçapava? O senhor não tentou executar esse projeto em São José?" Engraçado o teor da pergunta feita pelo jornalista, não é mesmo? Agora, eu é que pergunto: Por que sempre em São José? Por que não em Caçapava? Por que não em Pinda? Por que não em Guará? Talvez Lorena? Que tal Jacareí? Por que esse jornaleco sempre tem a mania de achar que o Vale do Paraíba limita-se somente a SJC? Parabéns Penido, sucesso em seu empreendimento! E que o mesmo gere muito progresso para TODO o vale, INCLUSIVE Caçapava!
Comentado por Orgulho de ser pindense, 15/02/2014 18:10
Parabéns ao empresário Rogério Penido, que soube enxergar grandes oportunidades onde outros só enxergavam problemas. A propósito, além de ter perdido empresas e vários outros empreendimentos do setor aeronáutico, devido aos problemas com o nosso aeroporto, São José também acaba de perder a feira aeronáutica Expo Aero Brasil, que a partir deste ano passará a ser realizada na cidade de Maringá (PR).
Comentado por Lauro, 15/02/2014 12:35
Ssp José dos Campos, de longe, tem o maior preço por metro quadrado da RM Vale. Não bastasse isso, o zoneamento industrial da cidade é mal elaborado, ou seja, há poucas áreas disponíveis. Além disso, não há uma lei de incentivos fiscais atraente para o investidor, e que, ao mesmo tempo, dê segurança jurídica para a prefeitura. E como Caçapava elaborou sua lei de incentivos, é bem localizada, e tem muitas áreas disponíveis, uniu-se o útil ao agradável.
Comentado por Jeferson, 15/02/2014 12:32
A verdadeira historia era que São jose dos campos não tem area disponivel para este tipo de negocio. Não e porque o prefeito não quis e a questão geografica mesmo Mas em caçapava esta na divisa de são jose vamos usufruir da mesma forma
Comentado por celso, 15/02/2014 12:10
Esse empreendimento foi para Caçapava pois aqui na época do Governo Cury pediram muito para liberar desde do Gabinete até os vereadores, na renovação da Sabesp foi 1,5m e 400mil cada cada um dos meninos....quem não sabe disso????rsrsrsr E agora para desapropriar a alça do viaduto do anel viário (entrada da cidade), querem pagar 1,5m e o proprietário foi conversar no paço pois o valor real é de 4,5m...aí ofereceram: pagamos os 4,5m mas dividimos a metade da diferença...isso na cara de pau....Todos farinha do mesmo saco....kkkk
Comentado por Joseense, 15/02/2014 12:02
BOMBA, BOMBA, BOMBA !!! A GM está direcionando o investimento de R$ 2,5 Bilhões para a Indonésia !!! O risco Brasil, o corte de incentivo do governo brasileiro na indústria automobilística, as incertezas políticas e econômicas do nosso país diante da prosperidade econômica da Indonésia, fez com que a General Motors Mundial repensasse o investimento em SJC. Hoje a tendência é muito grande que nossa cidade seja preterida em relação à Indonésia. O jornalista Júlio Ottoboni escreve para a DCI - Diário do Comércio Indústria & Serviço (http://www.dci.com.br/industria/investimento-da-gm-deve-ir-para-a-indonesia-id378983.html). Como o acesso é restrito, segue o link da Ecofinanças que copiou a matéria da DCI: http://www.ecofinancas.com/noticias/investimento-gm-deve-ir-para-indonesia
Comentado por Thiago Neves, 15/02/2014 11:15
Arkenstone muito legal seu comentário.
Comentado por Emerson, 15/02/2014 11:04
A males que vem pra bem. Caçapava é praticamente esquecida entre São José e Taubaté. Tanto pela Carvalho quanto pela Dutra é fácil chegar, não é longe. Este empreendimento vai dar uma nova cara a Caçapava, vai colocá-la no mapa. Empregos são gerados, deve haver alguma preferência pela cidade, mas nada impede o que acontece desde sempre. Trabalhadores trafegando entre Jacareí e Taubaté na Dutra. Com 3,7 milhões de metros quadrados penso o que seria o projeto de 100 alqueires (2,4 milhões de metros quadrados) em São José. Espero que seja o condomínio residencial. Emprego e moradia. Boas empresas não são feitas apenas de projetos, mas principalmente de pessoas. Penido transmite uma pessoa que não ficou deslumbrada com o pioneirismo de um projeto de grande porte. Uma pessoa introvertida e trabalhadora. Que continue nesta toada e não acabe contagiado, mudando para o canteiro de obras. Aconteceu com um grande gestor de obras do passado, Mario Andreazza.
Comentado por Tito Galhardo, 15/02/2014 09:30
Casanova, deixa eu te perguntar uma coisa: você conhece bem o mapa de SJCampos? Você conhece bem a sua geografia? Vc sabe dizer qual o % da área de SJCampos é ocupada pelo banhado? Onde você instalaria o Aerovale em SJCampos? O que muita gente não sabe é que há limitações geográficas graves em SJC, inclusive uma Rodovia importante que divide a cidade ao meio e um refinaria que limita construções ao seu redor por questões de segurança. O desenvolvimento local e regional tem que ser visto com paradigmas diferentes. Diversos estudos demonstram que cidades acima de 1 milhão de habitantes tornam-se ingerenciáveis. O ideal para uma cidade é entre 200.000 a 800.000 habitantes. Não posso afirmar porque o ex-prefeito Cury sequer recebia empresários como afirma Penido, mas para mim, é altamente aconselhável que o desenvolvimento no Vale seja mais equânime. Isso é bom para todos. Além disso SJCampos claramente está mudando de perfil, virando uma cidade de serviços. Infelizmente, Carlinhos e Cavalli parecem não ver isso. Como espero que uma hora as autoridades josenses se toquem e incentivem empresas de TI, telecom, de turismo, de educação, de nanotecnologia...
Comentado por Arkenstone, 15/02/2014 09:19
Ontem, na reportagem do dia sobre a Aerovale, deixei no final do meu comentário, uma pergunta no ar: " E pensar que São José dos Campos rejeitou esse mega projeto. Por quê será?????". Eu não quis citar o nome do então prefeito Eduardo Cury como algoz dessa perda, para que os comentaristas tucanos de plantão (em particular, um petulante que insiste em dizer que sou petista. Obs: Ele sabe que é ele. Kkkk), não dizerem que critico os plumáveis, somente por criticar. Hoje, o Sr. Penido deu suporte e ratificou à minha pergunta que ficou no ar. E outra coisa, afinetando um pouco mais essa questão da gestão engessada para investimentos no município do então prefeito tucano; nós também perdemos (ou deixamos de concorrer pau-a-pau com outros municípios) a montadora Hyundai para Piracicaba. Lembro-me até que na época, o próprio O Vale, não deu a devida importância a este assunto. Não quero puxar sardinha nem para este ou aquele partido, pois considero todos (absolutamente todos), farinhas do mesmo saco. Porém, quando apontamos um dedo para alguém, sempre três estão em nossa direção. Acho que um bom entendedor, entendeu o recado, não é??????
Comentado por CASANOVA, 15/02/2014 08:13

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