sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Os novíssimos aeroportos totalmente privados

Os novíssimos aeroportos totalmente privados



Além das dezenas de aeroportos da Infraero e dos poucos privatizados pelo governo, o Brasil terá, muito em breve, uma nova categoria de terminais: os totalmente privados, construídos e operados exclusivamente pela iniciativa privada. Em um primeiro momento são quatro empreendimentos, que podem consumir investimentos de R$ 8 bilhões e revolucionar o transporte aéreo, sobretudo em São Paulo, palco de todas as iniciativas. E seus empreendedores acreditam que há espaço para todos.
Os três projetos mais avançados são destinados à aviação geral, como é chamado o segmento de jatinhos e aviões executivos. O primeiro a ser inaugurado é o Aerovale, em Caçapava, cidade paulista que é vizinha de São José dos Campos, berço da Embraer, e que fica a 120 quilômetros da capital estadual. As primeiras decolagens estão esperadas para o final de maio, dias antes da Copa do Mundo. O investimento inicial no projeto foi de R$ 250 milhões, mas este valor poderá passar de R$ 1 bilhão, na área de 2,5 milhões de metros quadrados. A movimentação esperada é de 100 a 150 decolagens diárias.
— Nossa proposta é única, estamos vendendo lotes industriais que têm, junto, um aeroporto. E teremos um mix de empresas, não apenas empresas do setor aeronáutico. E claro, poderemos absorver parte da aviação executiva de São Paulo, que cada vez sofre mais com restrições em aeroportos como Congonhas, Guarulhos e Campo de Marte — afirma Rogério Humberto Penido, presidente do Aerovale, que lembra que já foram vendidos 75 dos 323 lotes disponíveis: — No futuro, teremos ali opções completas, incluindo lojas e restaurantes sofisticados — completou.
O segundo empreendimento mais avançado é o da JHSF. As obras começam na virada de fevereiro para março. Batizado de Catarina, o projeto, localizado em São Roque, a 55 quilômetros de São Paulo, é audacioso: junto com o aeroporto haveria torres corporativas, hotel, centro de convenções, atividades educacionais, um shopping e até projetos residenciais. A empresa não informa valores, mas fontes do mercado estimam que o projeto do aeroporto executivo pode chegar a cerca de R$ 500 milhões, em sua primeira etapa, com pista de 1.940 metros, e mais que dobrar na segunda fase, quando a pista chegará perto dos 2.500 metros. Com previsão de início de operação dos primeiros hangares e da pista no segundo semestre de 2015, o projeto em área de 7 milhões de metros quadrados pode gerar mais de 80 mil decolagens e pousos por ano, movimentando cerca de 400 mil passageiros.
— O nosso projeto é mais abrangente que um simples aeroporto, seria uma mini-cidade. Já temos todas as licenças e temos experiência neste tipo de projeto, como o que fizemos no Shopping Cidade Jardim. No futuro, queremos ser, com uma pista grande, um polo de manutenção aérea e espaço para grandes fabricantes — informou Rogério Lacerda, diretor de incorporações da empresa.
Já o terceiro projeto vive uma batalha jurídica e política. De propriedade da Harpia, a proposta de um aeroporto totalmente voltado à viação executiva em Parelheiros, bairro pobre da Zona Sul paulistana, enfrenta resistências. Com área de cerca de 4 milhões de metros quadrados e com pista prevista de 1.800 metros, o empreendimento poderia atender a 400 mil passageiros por ano. Porém, a prefeitura de São Paulo negou a autorização do empreendimento, alegando problemas ambientas – a região seria próxima a nascente de mananciais e de floresta. Contudo, há quem veja problemas políticos, pois o projeto está sendo tocado por André Skaff, filho do presidente da Fiesp e pré-candidato ao governo paulista.
— O nosso projeto é único, é a única oportunidade de um novo aeroporto na capital paulista. A ideia é ter um aeródromo de padrão internacional, que vai trazer desenvolvimento e empregos para Parelheiros. Estes conflitos não são corretos, protegeremos todas as nascentes, não desmataremos floresta nativa, apenas uma área de eucalipto — afirmou Skaff, que ainda se mostra confiante no projeto de R$ 1 bilhão que, segundo ele, está apenas cinco minutos distantes, de helicóptero, do centro financeiro do país. — Vamos utilizar menos de 20% da área do terreno, o restante será preservado, no final das contas, estamos ajudando a impedir a expansão desenfreada da cidade, isso é feito em outros países do mundo — defende-se, lembrando que seu aeroporto se torna operacional 10 meses após o início das obras.
Além destes três empreendimentos, está em discussão o Novo Aeroporto de São Paulo (NASP), projeto ousado das construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, que seria gerido pela CCR, que visa competir de igual com Congonhas, Guarulhos e Viracopos. Este projeto, de R$ 5 bilhões, prevê um terminal que seria o maior do país atualmente, com capacidade anual de 45 milhões de passageiros, mais que o triplo do movimento do Galeão.Projeto de 2008, o aeroporto seria localizado em Caieiras, há 25 quilômetros da cidade de São Paulo. No fim do ano, aumentaram os rumores de que o governo autorizaria este aeroporto, criando uma concorrência única do setor. As empresas não comentam e ainda faltam passos importantes no governo para se liberar o empreendimento.
Fato é que, enquanto a Infraero continua a gerir aeroportos como rodoviárias de quinta categoria e que os terminais privatizados correm contra o tempo com obras e modernização, começa a se transformar em realidade uma terceira categoria de aeroportos que mudará, ao menos para quem usa jatinhos, o conceito de terminal aéreo no país.


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