domingo, 28 de agosto de 2011

Construção civil do Vale tem déficit de 10 mil profissionais

NOSSA REGIÃO
August 28, 2011 - 04:00

Construção civil do Vale tem déficit de 10 mil profissionais

Falta de mão de obra na construção civil Victor Moriyama
Segundo empresas do setor, faltam desde serventes de pedreiro até engenheiros; alternativa é formar mão de obra
Arthur CostaSão José dos Campos
Faltam 10 mil profissionais na área da construção civil na região. A estimativa foi feita pela Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba).
A defasagem é sentida em todas as áreas do setor, desde engenheiros a serventes de pedreiro. Somente em São José, esse déficit é de 2.000 trabalhadores.
Reduzir este ‘gargalo’ é a missão das entidades da construção civil e do poder público, tendo em vista a instalação de novas empresas na região e o mercado imobiliário ainda aquecido.
“A mão de obra no Vale já foi abundante”, afirma o presidente da Aconvap, Cléber Córdoba, que destaca que o processo de perda de trabalhadores começou há pouco mais de dois anos.
“Com esse crescimento no setor da construção civil em todo o país, muitas pessoas que vieram de regiões como o Nordeste para trabalhar em São Paulo, agora estão voltando para ficarem próximas às suas famílias”, afirma Córdoba.
Cerca de 25 mil profissionais trabalham na construção civil de São José.

Migração. A engenheira civil Daniella Aparecida Gonzaga Pereira, de 33 anos, convive com o problema da migração de mão de obra há dois anos. “Temos perdido grandes funcionários. Alguns nos contam que viam a família a cada 5 anos e por isso voltam. Eles não falam quanto, mas o salário é maior em outras regiões do país”, ressalta Daniella.
Ela afirma que quando há a migração de um profissional mais gabaritado, como o encarregado, toda a equipe também vai. “A construção civil é uma área de muita confiança. Se o encarregado sai, leva quem ele confia”, explica.

Demanda. O vice-presidente da Acist (Associação das Construtoras, Imobiliárias e Serviços Correlatos de Taubaté), Carlos Eduardo Severo, conta que uma das profissões que mais estão em falta é a de mestre de obra. “O crescimento do mercado causou essa defasagem. Tivemos dois cursos de especialização para mestre de obra e formamos cerca de 40 profissionais no semestre”, afirma Severo.

Saída. Visando preencher essas vagas na região, as entidades ligadas à construção civil apostam em cursos profissionalizantes.

Especialização. Em São José, a Aconvap realiza, em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), a Etep e o SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), cursos gratuitos de especialização para trabalhadores que já atuam no setor.
São 120 vagas para oito especializações. As inscrições vão até o dia 2 de setembro. Os interessados devem informar o setor de recursos humanos da empresa em que trabalham.
“Vamos começar também a incluir as mulheres na construção civil”, afirma Córdoba.
Em Taubaté, a Acist também desenvolve cursos profissionalizantes em parceria com o Senai. Já em Jacareí, os cursos de especialização são abertos à população no Espaço Lamartine Centro.
SAIBA MAIS
Déficit
Boom do setor
Empresas da construção civil do Vale do Paraíba creditam defasagem de 10 mil profissionais pelo crescimento do setor em todo o país

Problema
migração
Profissionais estariam voltando para regiões de onde vieram no passado em busca de emprego a fim de ficarem próximos às suas famílias

Carreira
atrativos
Salários do setor variam de R$ 800 para serviços gerais a até R$ 5.000 para engenheiros, maiores do que em setores como serviço e comércio

Mercado de Jacareí é um dos afetadosJacareíNa região, uma das cidades que mais sofre com a falta de mão de obra é Jacareí.
Ao menos seis obras de médio e grande portes estão acontecendo na cidade. Nos próximos meses, a instalação da montadora chinesa Chery deve demandar mais 300 profissionais para o início dos serviços de terraplenagem e construção da fábrica.
“Pelo momento econômico da cidade, com a construção de empresas, condomínios e prédios, não temos certeza se poderemos suprir essa demanda”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico de Jacareí, Emerson Goulart.

Ocupação. Um exemplo da migração da mão de obra especializada na construção civil é o fim das obras da Refinaria Henrique Lage, a Revap, em São José dos Campos.
No pico das obras, 15 mil pessoas trabalharam no local. Depois do final do ano, com a conclusão do serviço, quase ninguém permaneceu no Vale.
“Geralmente, as mesmas pessoas trabalham nas grandes obras. Desse total da Revap, muitos foram para a construção do gasoduto da Petrobras. O salário nessas empresas é maior”, afirma o diretor regional do Sinduscon, José Roberto Alves.

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