REGIÃO

August 14, 2011 - 03:42

Orla do Banhado terá calçadão

Aaron Kawai

Proposta ousada prevê fechamento da avenida São José, além de repaginação do Cine Teatro e da galeria Pedro Rachid

Carolina Teodora
São José dos Campos

Uma nova orla do Banhado vai nascer em São José dos Campos com a implantação do projeto ‘Centro Vivo’, anunciado na última semana pela prefeitura.

Três grandes obras previstas ficam em frente ao cartão postal --a reutilização da Galeria Pedro Rachid, a concessão ao setor privado do Cine Teatro Benedito Alves e a criação de um ‘calçadão’ na avenida São José.

As melhorias prometem um ar moderno, para que o pedestre tenha preferência no lugar dos carros, e devem começar a sair do papel já neste semestre, segundo a administração municipal.

Boulevard. A obra de maior impacto --e também a que está mais longe de ser executada-- prevê o fechamento da avenida São José em uma extensão de um quilômetro.

No local, será construído um calçadão, chamado pela prefeitura de boulevard, que terá a mesma largura da via (cerca de 20 metros). Carros e ônibus vão usar uma passagem subterrânea, um túnel que será criado para absorver o tráfego.

A obra está prevista para ser executada entre os próximos três a cinco anos, explicou Cynthia Gonçalo, diretora geral do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), alça da prefeitura que coordenou o estudo.

“Vamos aumentar a área de lazer em São José e criar um espaço em que as pessoas possam ir ver o pôr-do-sol, se encontrar e descansar. Nossos esforços são grandes para executar todos os projetos o quanto antes”, afirmou Cynthia.

Galeria. A Galeria Pedro Rachid, readquirida pela prefeitura em março após uma batalha judicial que durou nove anos, também deve ganhar uma nova ‘identidade’ e no futuro até perder seu ‘vizinha’, o presídio feminino da cidade.

Segundo a prefeitura, o espaço vai virar um moderno centro de atendimento ao cidadão e de especialidades de saúde.

Os atendimentos médicos serão realizados nos dois pavimentos superiores. No térreo, serão retiradas todas as paredes das antigas lojinhas para dar espaço a uma espécie de ‘poupatempo’ municipal --com a prestação da maioria dos serviços oferecidos no Paço.

A previsão é que o edital de licitação da obra seja lançado em setembro. A obra ainda não tem prazo para ser executada, mas uma das regras já definidas é que os serviços deverão atender todos os conceitos de sustentabilidade.

A proposta é que a maioria da energia utilizada no prédio seja solar e que a água da chuva seja reutilizada.

“Os serviços oferecidos na galeria pela prefeitura vão funcionar além do horário padrão de expediente do Paço e as duas extremidades da galeria vão abrigar cafés e lanchonetes que funcionem durante a noite”, disse Cynthia.

Teatro. O Cine Teatro Benedito Alves, que está fechado há oito anos, deverá ser repassado à iniciativa privada, por meio de um leilão.

Os detalhes da concessão ainda estão sendo definidos pela administração, mas a proposta é que o futuro proprietário seja responsável pelo custeio da reforma que deverá manter parte das características originais do prédio.

O edital de concessão da área deve ser divulgado no último trimestre deste ano, de acordo com o cronograma apresentado pela prefeitura na última semana. Uma das principais bandeiras do Centro Vivo é a criação de camelódromos no centro da cidade.

SAIBA MAIS
O que
Três grandes obras previstas no projeto Centro Vivo irão dar novos ares para a orla do Banhado, o principal cartão postal da cidade

Cine teatro
O espaço será repassado à iniciativa privada que definir o futuro do uso do espaço desde que mantenha parte das características originais do prédio

Galeria Pedro Rachid
A área vai abrigar um centro médico de especialidades e uma espécie de Poupatempo municipal com atendimento ampliado até a noite

boulevard
Uma espécie de calçadão será criado no trecho da avenida São José que terá o tráfego desviado para um túnel de aproximadamente um quilômetro de extensão

Praça Afonso Pena desafia a revitalização do centroSão José dos Campos

Um dos principais desafios na revitalização do centro da cidade --principal promessa do projeto Centro Vivo-- será devolver à população a praça Afonso Pena, a principal e uma das mais tradicionais.

A área que fica no ‘coração’ do centro antigo está tomada por usuários de drogas e prostitutas, que esperam por clientes em plena luz do dia e amedrontam os moradores.



Espalhadas em pequenos grupos, formados por pelo menos cinco mulheres cada, elas tomam os bancos, gritam umas com as outras e chamam de maneira pejorativa pedestres que ousam passar.

“Estava sentada do outro lado (perto da delegacia) e elas vieram me perguntar o que eu estava fazendo ali. Tive que sair porque elas pensaram que eu estava tentando roubar clientes delas, eu acho”, afirmou a vendedora, Bianca Ribeiro, 22 anos, que esteve na praça na última quinta-feira.

Cynrhia Gonçalo, diretora geral do Ipplan, disse que não existe um plano específico para a retirada das prostitutas da praça. “Isso é um reflexo da degradação dos centros urbanos da maioria das cidades. O uso pela população vai diminuindo e abrindo espaço para que esse tipo de atividade tome conta do local”, afirmou.

“Mas com o projeto de revitalização, a saída dessas pessoas vai acontecer de forma natural. Na medida que os moradores passarem a frequentar mais o centro, essas atividades vão se extinguir.”