domingo, 29 de maio de 2011

Sem novo terminal, aeroporto de São José tem futuro incerto

REGIÃO
Maio 29, 2011 - 06:02 OVale

Sem novo terminal, aeroporto de São José tem futuro incerto

Aeroporto Claudio Capucho
A demora na aprovação do novo plano diretor do aeroporto é criticada por especialistas em logística e engenharia de transportes; Infraero promete aumentar terminal de passageiros antes da Copa do Mundo
Xandu Alves
São José dos Campos

O céu está nublado para o aeroporto de São José dos Campos. A demora em aprovar o plano diretor, que prevê a construção de um novo terminal com acesso pela Rodovia dos Tamoios, e as sucessivas promessas (não cumpridas) de investimentos trazem mais dúvidas do que certezas.

Para especialistas, tais incertezas afastam empresas, dificultam o planejamento e colocam em risco o aeroporto como alternativa viável à demanda de passageiros durante a Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

O principal desafio é superar a limitação do atual terminal de passageiros, que coleciona problemas: não há banheiros nas áreas de embarque e desembarque, as companhias não contam com esteira para carregar as bagagens e não há ar condicionado no saguão.

O espaço já é insuficiente para o movimento de passageiros registrado entre janeiro e abril deste ano, com 64 mil pessoas, quatro vezes maior do que no mesmo período do ano passado, com 14 mil. As responsáveis pelo salto foram as empresas Trip e Azul, que operam voos regionais para vários pontos no país a partir de São José.

“Os voos de São José têm apresentado bons resultados. A tendência é darmos continuidade à expansão da malha aérea da Trip”, afirmou Rodrigo Mendicino, gerente geral de Vendas.

Cargas. Quanto à possibilidade de receber cargas, o consultor de logística José Geraldo Vantine vê ainda mais limitações no aeroporto de São José. Para ele, a mistura entre as áreas militar, industrial e comercial, que marca o aeródromo, precisa ser equacionada. A melhor saída é a construção de um novo terminal, com acesso pela Tamoios.

“Nessa área, o futuro do aeroporto começou no passado, só não foi colocado em prática”, lamentou Vantine. “A gestão deficiente da Infraero leva à instabilidade. As empresas não vêm.”


Infraero usa módulos para dobrar áreaSão José dos Campos

A Infraero está estudando meios de aumentar a capacidade de atendimento do terminal de passageiros do aeroporto de São José dos Campos.

Por enquanto, a alternativa mais viável será apostar em uma estrutura provisória, através de módulos operacionais com cerca de 1.000 metros quadrados. Eles elevarão a capacidade de atendimento de 100 mil passageiros por ano para 600 mil.
Porém, a Infraero informou que, com o crescente aumento do movimento, esse estudo poderá ser modificado.

A empresa confirmou ainda que o aeroporto de São José está inserido no contexto estadual, podendo ser utilizado em ações que complementem as operações dos demais aeroportos de São Paulo.

Outra confirmação foi da prorrogação do contrato com o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), proprietário da área do aeroporto, que vence em outubro deste ano. De acordo com o órgão militar, está em andamento uma nova portaria prorrogando até 2013.

Operações. As empresas regulares que operam no aeroporto são Trip e Azul, com voos diários para Rio de Janeiro, Curitiba, Confins e Belo Horizonte. O aeroporto recebe ainda aeronaves da aviação geral. A Infraero comentou que o terminal também recebe cargas de importação e exportação diariamente.

Após reunião com a Infraero, a Secretaria de Transportes de São José fará um estudo de adequação dos horários de atendimento da linha de ônibus às chegadas de voos.

A pasta também toca a primeira fase das obras de ligação da Rodovia dos Tamoios com o aeroporto, que melhorará o tráfego. “A nova via terá um papel fundamental no trânsito da região sudeste”, disse o secretário de Transportes, Anderson Farias Ferreira.
 
O nosso aeroporto tem vários inimigos. E alguns desses são a Força Aérea que não gostaria ceder espaço ao tráfego civil; o grande fabricante que tem a pista de pouso como seu quintal e ferramenta valiosa para testes de aeronaves; a população (abastada) do entorno das rotas que não quer ser incomodada com o ruído; as empresas de transporte rodoviário que lucram muito com o transporte de carga de outros aeroportos para a região e de passageiros que vão para Cumbica; e outros mais que não vou citar, mas que se juntam a todos esses e fazem um “lobby” poderoso sobre a Infraero e o governo federal para que nada saia do papel. E mal eles sabem que não é só a população do Vale do Paraíba que perde com isso. Eles também. E até mesmo o Brasil todo! Pois esse aeroporto, até agora inexpressivo, poderia ser um coadjuvante de peso para o tráfego aéreo nacional, principalmente em eventos grandiosos em que possivelmente serão um vexame para a nação. Se tivéssemos deputados da região comprometidos com os seus eleitores (e não com certos grupos), eles estariam trabalhando para que os projetos para o Vale saíssem do papel com celeridade. Mas não, dão mais atenção as misérias dos seus redutos -- que insistem em disputar para emplacar o título de “Capital do Vale” -- e esquecem do bem comum. Isso não acontece em outras regiões do Estado.
Comentado por João Felippe Junior, 29/05/2011 07:49

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